Por vezes aparecem umas
pessoas a dizer umas verdades, que nem todos gostam de ouvir, ou então não lhes
interessa gostar de ouvir… apenas ontem tive oportunidade de ouvir a tão
polémica mensagem da presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, e, ainda não
consegui perceber onde estaria uma afirmação que seja, que pudesse ser tão
“criminosa” como a quiseram “pintar” na comunicação social.
Tudo o que ela disse é verdade, dura, cruel, mas verdade! De facto é mais fácil habituarmo-nos à abundância, ao bom, do que ao essencial, ao menos bom. É tão fácil convencermo-nos que precisamos, meeeesmooo, daquelas galochas XPTO, a combinar com as calças da marca X, que têm mesmo de ser usadas com o Trench Zeta. São peças essenciais, ou os “Must Have”, dizem as revistas!!!. Ou de um gadget ou de um iphone qualquer, que é essencial para que as nossas vidas sejam produtivas… a crédito, claro!!! Porque haveríamos de fazer como os nossos pais faziam: juntar o montante necessário e depois adquirir?! Nessa altura já estaria desactualizado!!! Daaah!!
Quis-me parecer que a
mensagem que Isabel Jonet tentou passar, ao dizer que temos de empobrecer é
mais neste sentido, do que empobrecer mais ainda, quem já vive com pouco, ou
quem já faz uma gestão milagrosa dos recursos (nalguns casos já não lhes
podemos chamar rendimentos), que alguns vão fazendo. Estes, não se encaixam,
nem se identificam, obviamente no grupo anterior. Estes, não precisam de
empobrecer!
Não há bela sem senão, já diz
a sabedoria popular, e é bem verdade! Um estado social, deveria assegurar que
os menos abonados pudessem ter acesso a condições mínimas, de educação e saúde
pelo menos… contudo verificamos nos nossos pequenos mundos, que quem acaba por
usufruir de grande parte destes abonos/apoios são os que levam os sumos e os “bolicaos”
ou “kinders” para o lanche da escola, em vez do leite e do pão com
manteiga/doce… são os que têm escalão zero e em casa jogam com play stations em
vez de lerem ou brincarem com legos… são os que para saberem o que são jogos
tradicionais, ou actividades rurais, têm de ir a um parque temático, ou a uma
quinta pedagógica, a pagar, claro!
Alguém se recorda de levar
para o lanche na escola, um copo com tampa e com açúcar ou chocolate para beber
o leite na escola primária?! Ou do copo que usávamos para lavar os dentes, em
vez de ter a água sempre a correr? Enfim, concordo que a evolução deve existir
e não sou nada do tipo saudosista, nem acho que só “no meu tempo é que era bom”,
mas há que aceitar que certos hábitos ou costumes não nos empobrecem, mas
preparam-nos e valorizam-nos.
Se calhar temos mesmo de
fazer o “downgrade” já que empobrecer pode parecer mal. Principalmente, aos que
não escutaram a mensagem, mas apenas ouviram o que a comunicação social quis passar…
a verdadeira mensagem não só era dura de ouvir como não seria notícia!!!
Já agora para quem não viu:
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